Meus olhos cerraram-se também
Quando ouvi o bater grave
Das grandes portas por trás de mim.
Ao longe, do fundo da casa arruinada e serena,
Ainda pude distinguir o cantar rouco,
Sujo, do galo aleijado, cria do sacristão ateu.
Não pude conter o sorriso triste
Que escorreu pelos lados de minha boca exangue
Pois minha vida sempre fora este cerrar constante
De portas, de sonhos, de pernas...
Ah destino vil! Cansa-te de mim!
Já não posso com esse cair de estrelas sobre minhas costas!
Tão quentes
Tão quentes
Secando minhas lágrimas raras,
Filhas de meu coração rude e fraco.
[...]
As portas cerraram-se.
Meus olhos e coração também.
Pego a navalha com as mãos trêmulas e ela me beija docemente
Sem pudor algum, sem pressa...
Levá-la-ei comigo até o barqueiro
Assim mesmo, manchada de meu escarlate.
Será o último amor a quem me entreguei...
Na beira do rio será enterrada e partirei sozinho, enfim.
[...]
O sono derradeiro me embala sofregamente
E em meio ao pavoroso cansaço
A sombra suprema sussurra suavemente:
- Não há liberdade maior do que aquela de quem já não
[tem escolha.
Nada mais valeria a pena.
Nada mais valeria.
Nada mais.
Nada.
Nada mais valeria.
Nada mais.
Nada.
* Imagem: Milton, Paradise Lost, Satan Falls (1866), Gustave Doré.
Forte, né?!!!
ResponderExcluirPerdi até o fôlego, aqui!!!! heheheh!!!
Manda mais, pois você manda bem!!!
Abração!
www.estradasou.blogspot.com
"sacristão ateu..." além desse galo rouco, encontramos muitas ovelhas criadas por muitos cristãos ateus. (principalmente pastores e pastoras)
ResponderExcluirUm abraço meu brother!!!!
I miss you!
Olá!!!Lindo, querido amigo!
ResponderExcluirQuanto tempo,´poder deixar que mesmo me excluído
do seu redomoinho, ainda estou dentro dele.kkkkk...Você jamis deixou de existe em nossas vidas. Temos saudade de você. Beijos...Abraços.....
Genilsonia