terça-feira, 12 de junho de 2012

Dia dos namorados I




O escarlate que me banha
à madrugada
vem sorrateiro, aquece e amansa
o corpo insone.
Não sei pra onde vai.
Nem perguntei seu nome.
Mas vem,
me cobre, beija, suja e some.

Não sei ao certo
como sei da cor.
Foi ela quem me disse, eu acho...
– Excesso de pudor?
Não sei, talvez...
A mim seria cor de neve.
– Ou foi o sangue e o pus que lhe manchou?

Sei que incomoda
e faço uma prece estranha
pra afagar tal dor pungente
que me lanha
e me acompanha noite e dia
e me consome.
É a dor da ausência,
dor da morte,
dor cansada.
É a dor de quem te quer,
desejo,
dor da fome.

* Imagem: The kiss (1907-1908), Gustav Klimt

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